sexta-feira, 24 de julho de 2020

Alimentação artificial



O modo mais racional, saudável e seguro de criar um ser é confia-lo à mãe e esta lei é valida também para os canários. O alimento, com efeito, antes de passar para o bico dos pequenos seres, é abundantemente impregnado de saliva da mãe e do pai, sendo assim mais facilmente digeridos; contudo , infelizmente, algumas vezes torna-se necessário enfrentar a alimentação artificial. 


Recorre-se a esta solução quando os pais se negam a alimentar convenientemente as crias e o criador não dispõe de outras criadeiras. O êxito da aventura, visto se tratar precisamente de um aventura, depende sobretudo da paciência e habilidade que tenhamos nesta tarefa.
Para esta alimentação é necessário a ajuda de um palito e durante os primeiros seis dias, introduz-se comida no bucho de dez em dez minutos, e isto durante dezoito horas por dia, começando ao amanhecer e sucessivamente, o enchimento do bucho será mais abundante se bem que menos frequente. 
Deve-se ter presente que o alimento administrado pelos pais passa antes pela sua boca e nunca esta frio, nem demasiado rijo, portanto, o alimento dado aos canários, artificialmente, deve ser fluido e apenas tépido: nem frio nem quente. Há nas casas da especialidade, várias papas para este fim, em que só é necessário administrar agua tépida, ficando assim a tarefa mais facilitada.
Por experiência própria, este método resulta muito bem, logo as crias se fortalecem e pedem alimento aos pais com mais avidez , reduzindo-se em muito as mortes nos ninhos por défices alimentares.

Anilhas tiradas


Quero partilhar convosco uma situação que me ocorreu numa ninhada de 4 aves.
Logo após colocar as anilhas, a fêmea ou o macho, prontamente as tirou dos filhotes colocando-as no fundo da gaiola.
Perante tal facto, voltei a repetir a operação, mas desta vez ao fim do dia pensando assim resolver o problema. Mas, infelizmente de manhã encontro no fundo da gaiola 3 anilhas e um filhote já morto com a sua anilha na pata, como não saiu, veio a jovem ave atrás.
Depois de algumas pesquisas, encontrei uma possível solução para este imprevisto, resumindo-se a enrolar em volta da anilha uma fita de adesivo o mais parecido possível com a pele. Fica assim, camuflado aquele objecto estranho aos olhos dos pais da ninhada.

Os métodos que descrevo, são apropriados ao espaço que tenho, à disponibilidade de tempo e ao que pretendo com os meus canários, sendo que cada criador os deverá adaptar conforme os seus objectivos.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Identificação Precoce dos Filhotes





Em todos estes anos de criação de canários, já ouvimos praticamente de tudo a respeito da identificação do sexo dos filhotes: desde de simples simpatias, testes esotéricos, até informações sem nenhuma comprovação científica, como por exemplo o tamanho da cabeça, posição dos olhos em relação a linha do bico, cauda mais curta na fêmea, macho ser maior, teste de 20 dias, etc, etc... Estas invenções contribuem enormemente para tumultuar a cabeça do iniciante.

Na verdade existe um método científico para esta identificação conhecido como sexagem. É feito em laboratório especifico e por profissionais especializados, embora NÃO seja praticado pelos criadores de canários, porem possui 100% de acerto.

Esta identificação é necessária o quanto antes, pois ás vezes, o criador necessita vender ou trocar algum filhotes mais jovem e não pode faze-lo sem saber seu sexo. A afirmação do sexo de um jovem canário consegue enganar, em alguns casos, até mesmo a experientes criadores, certamente com índices de erros pequenos.

Vamos dar algumas dicas para esta identificação, nenhuma delas com precisão absoluta, porém com uma margem de acerto muito grande, principalmente depois que você adquirir pratica.

Atenção: esta identificação do sexo será mais precisa se forem analisados filhotes de mesmos pais, ou de pássaros de mesma linhagem.

Nos canários lipocromicos

Brancos – não há dicas, a identificação dos machos poderá ser feita a partir do 3º mês de vida quando estes começarem a ensaiar o canto. Para se ter certeza, é necessário esperar a época próxima de estação de cria, ocasião em que os machos estão cantando alto e forte.

Branco Dominante – a única dica é que as fêmeas possuem menor marcação de amarelo nas bordas das penas das asas que os seus irmãos machos. Outra dica é que os machos podem possuir incrustações de amarelo também nops ombros e, as vezes, no uropígio. É por isto que, com certa frequência, as fêmeas conseguem vencê-los nos concursos. Veja que estamos falando geneticamente! Nada impede que um bom macho Branco Dominante seja um vencedor.

Amarelo ou Vermelho ( serve tanto para Intenso quanto para Nevado) – de um modo geral, os machos possuem mais intensidade de cor que as fêmeas, ou seja, um macho intenso normalmente tem terá cor mais forte que uma fêmea intensa. O mesmo raciocínio se aplica para os Nevados. No caso de serem filhos de mesmos pais, o acerto é quase 100%. Algumas fêmeas intensas possuem schimell no dorso eno pescoço. Por outro lado, as fêmeas nevadas normalmente possuem mais nevadismo ( são mais esbranquiçadas).

Amarelo Mosaico e Vermelho Mosaico - Estes filhotes logo que ficam empenados ( cerca de 20 dias ) deixam os iniciantes muitos aflitos, pois não apresentam nenhuma marcação de mosaiquismo. Suas penas são formadas por uma única cor ( todas amarelas ou todas vermelhas). Os sinais de que são mosaicos só começam a se evidenciar a partir dos 45 dias de vida, época em que a primeira muda se inicia. Ai é que as primeiras penas brancas começam a aparecer e suas marcações típicas passam a ser evidentes, caracterizando machos e fêmeas. Para fazer a identificação do sexo neste caso, basta fazer a comparação com o padrão, já que nesta cor eles são muito mais diferentes no fenótipo ( aparência ).

Observação: Todas as informações deste item 4 valem também para os exemplares Amarelo Marfim Mosaico, e de um modo geral, para qualquer canário mosaico.

Exemplares Lipocromicos de Olhos Vermelhos ( Albinos, Lutinos e Rubinos) – tudo que foi dito para os filhotes de olhos pretos, valem para os filhotes de olhos vermelhos. Afinal esta é a única diferença entre eles.

Nos Canários Melânicos

Os canários melânicos são aqueles que, além de possuírem o lipocromo amarelo ou vermelho, também possuem o pigmento chamado eumelanina, que pode ser negro ou castanho ( definição NÃO ortodoxa ).

Observação – Na identificação precioce do sexos filhotes deste grupo, valerão todas as dicas dadas anteriormente com ralação ao lipocromo e ao nevadismo. Assim o lipocromo será mais importante nos machos e as fêmeas terão a quantidade de nevadismo maior.

Vejamos agora outras informações mais específicas.

Exemplares onde a feomelanina é indesejável ( Verde, Azul, Agata, Canela, Isabelino, Asas-Cinzas, Acetinado, Opalino, Topázio, etc. )

Nestes exemplares ( intensos, nevados ou mosaicos ) as fêmeas possuem ou ( quase sempre ) a presença de feomelanina mais evidente que os machos, pois esta sempre associada ao hormônio feminilizante (progesterona). A feomelanina, quando se faz presente nos machos, é sempre em muito pouca quantidade. Daí a diferença! Na mesma ninhada esta identificação é relativamente fácil: as fêmeas possuem mais feomelanina que seus irmãos machos.

Obs. A feomelanina é um pigmento castanho fosco que se deposita preferencialmente nas bordas das penas, podendo sua presença ser notada no dorso dos canários e entre as estrias.

Exemplares onde a feomelanina é desejável ( Canela Pastel e Feo ) – Nestes exemplares, também identificamos fêmeas por possuírem maior quantidade de feomelanina que os machos, facilitando-nos a identificação do sexo, ou seja, as fêmeas portadoras tem maior carga feomelânica que os machos.

Identificação do Sexo por Conhecimento Genético

É sabido que algumas cores são geneticamente ligadas ao sexo. Evitaremos entrar em

detalhes técnicos a respeito desta informação, limitando-nos a informar seus nomes. São elas: Verde, Canela, Agata, Isabel, Marfim,, Pastel, Asas-Cinza e Acetinado.

Obs. Os canários da linha clara de olhos vermelhos ( Albino, Lutino, Rubino), são na realidade, Acetinados – Logo, quando um exemplar é portador de Albino, Lutino ou Rubino, na realidade é portador de Acetinado e não de Ino como a nomeclatura nos influencia a acreditar. São, portanto, cores sexo ligados.

Sabendo isto fica mais fácil identificar o sexo do filhote ainda no ninho, logo que se emplumarem. Vamos discutir alguns acasalamentos como por exemplo:

1. Pai Vermelho Marfim com mãe Vermelha – Todos os filhotes Marfins serão fêmeas e todos os filhotes Vermelhos serão machos ( Não poderia nascer machos Marfins )

2. Pai Vermelho portador de Marfim e mãe Vermelha – Todos os filhotes Marfins serão fêmeas e os filhotes Vermelhos poderão ser machos ou fêmeas.

3. Pai Vermelho portador de Marfim e mãe Vermelho Marfim – deste acasalamento não conseguiremos identificar precocemente o sexo dos filhotes nascidos, pois os machos e fêmeas poderão tanto ser Vermlhos como Vermelhos Marfins.

4. Pai Vermelho e mãe Vermelho Marfim – neste caso também não conseguiremos identificar o sexo dos filhotes, pois todos os machos ou fêmeas serão vermelhos.

Vamos a outro Grupo

A- Pai Albino com mãe Branca – todos os filhotes que nascerem com olhos vermelhos ( albinos ) serão fêmeas, e todos os filhotes que nascerem com olhos pretos ( Brancos ) serão machos, não podem nascer machos Albinos . Notou a semelhança com o Caso 1.

B- Pai Branco portador de Albino com mãe Branca – Todos os filhotes que nascerem Albinos serão fêmeas, e os filhotes Brancos serão machos ou fêmeas. Semelhante do Caso 2.

C- Pai Branco portador de Albino com mãe Albina – Deste acasalamento não conseguimos identificar precocemente o sexo dos filhotes nascidos, pois filhotes machos e fêmeas poderão tanto ser Brancos como Albinos Semelhante ao Caso 3.

D- Pai Branco com mãe Albina – neste caso também não conseguiremos fazer a identificação do sexo dos filhotes pois todos eles, machos ou fêmeas, serão Brancos. Semelhante ao Caso 4.

As cores sexo-ligadas formam um grande grupo com o mesmo comportamento genético. Assim sempre que você identificar certo comportamento de uma delas, poderá estendê-lo ás demais cores, e se basear nele para identificar o sexo dos filhotes. Portanto, as conclusões a que chegamos nos dois exemplos anteriores ( Marfim e Albino ), podem ser aplicadas a qualquer das demais ( Lutino, Rubino, Pastel, Asas-Cinzas e Acetinado ) .

Vejamos casos que envolvam os Melânicos Clássicos ( Verdes, Canelas, Ágata e Isabel ) que também são cores sexo ligadas..

A. Pai Verde com mão Verde – se nascer algum filhote Canela, Ágata ou Isabel podemos afirmar que este exemplar será fêmea. Os filhotes verdes poderão ser machos ou fêmeas.

B. Pai Agata com mãe Agata – se nascer filhotes Isabel, certamente será uma fêmea. Os filhotes Agatas poderão ser machos ou fêmeas.

C. Pai Isabelino com mãe Isabelino – se nascer algum Acetinado certamente será uma fêmea. Os filhotes Isabelinos poderão ser machos ou fêmeas.

Generalizando podemos dizer que, para as cores sexo ligadas, fica mais fácil a identificação do sexo quando nascer um filhote diferente da cor dos pais e esta cor diferente for sexo ligada. Neste caso podemos sempre afirmar que este exemplar será fêmea.

Concluindo, gostariamos de dizer que estas dicas aqui representadas tem a intenção de facilitar a escolha dos filhotes para plantel, venda e concurso.

Mas isto não é coisa fácil. Portanto, vá treinando sempre que puder pois, com a prática, o índice de acerto será bem confortável. 

Causas da morte dos filhotes


quinta-feira, 11 de junho de 2020

Afinal, qual é a melhor mistura de sementes?


A primeira coisa que devemos ter em conta, nunca é demais lembrar, é que os canários são granívoros e, como tal, sua alimentação principal deve ser baseada em grãos.
Entra ano, sai ano e os criadores continuam com sérias dúvidas sobre a melhor mistura que devem dar à seus pássaros. As misturas importadas, atualmente com grande oferta, enchem os olhos de alguns criadores pela variedade de sementes. Já outros, acham que a mistura é muito “forte” para nosso clima e por aí vamos.
O que se observa é que a maior parte das opiniões são de “achismos” (não está no dicionário). Eu acho isso, fulano acha aquilo... etc. Embasamento científico que é bom ..., nada.
O objetivo deste artigo, não é dar aos pássaros (farinhada maçã, jiló, banana, chicória... etc.). Nossa meta é dar ao criador ferramentas que lhe permitam formular uma mistura ideal de sementes.
Para prepararmos essa mistura, temos, antes de mais nada, conhecer a composição das sementes que a compõem, a composição da farinhada; outros alimentos fornecidos aos pássaros e finalmente as necessidades das aves.
Por último, temos que levar em conta as quantidades máximas de certas sementes e alimentos que a partir de certos limites, não são tolerados por nossos pássaros (contém princípios tóxicos) Ex. linhaça, clara de ovo sem cocção... etc.
O primeiro dado, composição das sementes, podemos extrair da TABELA I, apresentada a seguir:


PRINCÍPIOS NUTRITIVOS – TABELA I
Composição percentual média
(Sementes com casca)

SEMENTESUPBGENFC
Alpiste
8,7
16,6
6,4
49,0
11,6
5,9
Colza
8,0
19,8
45,0
18,0
5,9
6,8
Níger
5,0
23,0
38,0
13,0
16,0
5,0
Nabão
6,0
20,7
40,2
5,7
7,5
7,0
Linhaça
7,1
24,2
36,5
22,9
5,5
3,8
Aveis Descascada
8,5
11,3
8,7
68,4
1,5
1,6
Perilla
5,3
22,6
43,2
10,6
14,0
14,0
Painço
12,0
9,6
5,2
58,8
10,0
-
Alface
7,0
20,4
39,0
19,0
9,0
5,5
Papoula Azul
9,0
19,0
45,0
18,0
-
-
Canhamo
8,9
18,2
32,6
21,8
15,7
9,3

U=Unidade - PB=proteina bruta - G=graxa - EN=extrativos não hidrogenados - F=fibra - C=cinzas

Exemplo de utilização da TABELA I
Determinado criador utiliza as seguintes sementes na sua mistura:
1000 grama de alpiste
150 gramas de colza
150 gramas de níger
1300 total mistura
“primeiro passo” 
Dividir o peso de cada tipo de semente pelo peso total da mistura (1.300 g) para encontrar o percentual de cada uma em relação ao volume. Assim temos:
Alpiste – 76,92
Colza – 11,53
Níger – 11,53
“segundo passo”  
Devemos construir o quadro que denominamos de TABELA II e lançar na coluna 1 o percentual de cada semente que compõe a mistura.
“terceiro passo”  
   Devemos transferir da TABELA I os valores de PB, G e EM das sementes que compõe a mistura e lança-los nas colunas 2, 4 e 6 respectivamente.
“quarto passo”  
   Multiplicar o % de cada semente (col. 1) pelo % col. 2) para se obter a Proteína Bruta na mistura.
“quinto passo”
  Somar os valores da colunas 3 (% proteína bruta na mistura), 5 (percentagem de gordura na mistura) e 7 (açucares na mistura) para determinar os teores de: proteína=7,67, gordura=14,46 e hidratos de carbono=40,20 da mistura analisada

TABELA II

Sementes% total% PBPB mistura% Gordura% G mistura% EN
Açucares mistura
Alpiste
77,0%
16,6
12,78
6,4
4,92
49,0
37,73
Colza
11,5%
19,6
2,25
45,0
5,17
18,0
2,07
Níger
11,5%
23,0
2,64
38,0
4,37
13,0
1,50
Totais
100%
17,67
14,46
40,30
   Embora esta mistura esteja bem balanceada para período de muda com RN=41 (relação nutritiva) o teor de gordura de 14,46 está elevado. (O cálculo da RN será abordado no próximo artigo)
   Neste caso devemos aumentar a quantidade de alpiste ou utilizar uma farinhada com baixíssimo teor de gordura.
   O último aspecto que devemos levar em consideração é sabermos os limites máximos e mínimos das necessidades nutricionais de nossos canários.
 

Limite máximoLimite mínimo
Proteínas
24%
12%
Gorduras
13%
3%
Açucares
60%
30%
Fibras
9%
3%
   Estes limites variam de acordo com o estágio de vida dos canários. Temos necessidades diferentes para o crescimento ate 1 mês de vida, de 1 a 3 meses, animais em repouso, reprodução e na época da muda de penas.
   Tanto as gorduras como os açucares fornecem a energia necessária ao organismo, sendo a restante armazenada em forma de gordura corporal.
   Com 55% de hidratos de carbono (açucares) e + ou – 7% de gordura, se obtém energia suficiente, inclusive para recuperação de animais, débeis, desde que os demais componentes estejam em equilíbrio.
   Não devemos esquecer que cada grama de gordura tem 2,5 vezes mais energia que uma grama de açucares.
   Para finalizar gostaríamos de alertar que não adiantará absolutamente nada fazer estas contas se o criador não fornece as sementes adequadamente.
   Vejamos no nosso exemplo: dos 100% da mistura, a níger e a colza participam com 11,5% x 2=23%. Já o comedouro da gaiola de cria comporta + ou – 50 gr de mistura. Desde que sejam bem misturadas podemos afirmar que no comedouro de 50 g. tem 11,5 gramas de colza níger. Como o passarinho come por dia + ou – 4 gramas de sementes ele pode escolher somente níger e a colza e daí, o balanceamento foi para o espaço!
   O que devemos fazer é colocar pouca quantidade de mistura no comedouro, isto é, o necessário para ser consumido num dia e só reabastecer quando o pássaro houver comido tudo.
 Agradecimento ao senhor  Marcos Marche ao site Criadouro Kakapo

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Acasalamento: Técnicas úteis para o sucesso


O momento do acasalamento, é do ponto de vista técnico o mais importante do ano para o sucesso de um criador. É muito comum vermos pessoas entusiasmadas comprarem exemplares de altíssimo valor genético durante anos e anos, e nunca conseguirem os resultados esperados nos concursos. Outros gastam rios de dinheiro com casais excelentes, e obtém resultados efémeros carentes de continuidade, conquistando prémios ora com uma cor, ora com outra, sem conseguir firmar um padrão de qualidade numa determinada cor ou linha.

A alimentação é correia, o criadouro um brinco, tudo está correio, menos uma coisa...... Os casais foram mal montados.

Quando chegam os meses de Fevereiro/Março, alguns criadores começam a preparar os seas casais, coçam a cabeça e procuram "montar" o "quebra-cabeças" tentando achar uma lógica no trabalho efectuado, na esperança de que no próximo ano apareçam pássaros excepcionais.

Qual será o caminho certo para aproveitarmos ao máximo o potencial dos nossos reprodutores? De que forma poderemos obter filhotes ainda melhores do que os pais?

Procuraremos analisar estes aspectos que considero a espinha dorsal de um criadouro bem sucedido.

Em primeiro lugar, devemos tomar consciência que as aves tem dois elementos à serem considerados: 

a) fenótipo: tudo aquilo que nela vejo 
b) genótipo: todas as características herdadas dos pais, visíveis ou não.


Assim sendo, deduzimos que exemplares muito bonitos, poderão transmitir ou portar características totalmente indesejáveis. Isto nos leva a pensar muito bem na hora de comprar os reprodutores, no sentido de nos assegurar de que um canário muito bonito não porte alguma "bomba" que venha a estragar o resultado.

Imaginando que todos estes cuidados foram tomados, que estamos de posse de um plantei de alto nível, devemos mesmo assim tomar consciência de que não existe o canário perfeito. Sempre há o que melhorar num exemplar, por melhor que ele seja.

Entra aqui a nossa técnica de acasalamento que tentaremos explicar.

Devemos dividir todas as características que os juizes irão avaliar em dois grandes grupos que chamaremos da seguinte forma:

1. Máxima expressão
2. Expressão intermediária

MÁXIMA EXPRESSÃO

Algumas das características à serem seleccionadas e observadas na hora do acasalamento,

devem buscar sempre o máximo, sem limites.

Assim, por exemplo, o vermelho deve ser o mais vermelho possível, o branco o mais branco possível, os cobres, verdes e azuis, o mais negros possíveis e o seu desenho (assim como nos canelas) o mais largo possível, a plumagem o mais sedosa possível, máxima redução do schimell nos intensos, máxima redução da feomelanina nos melânicos clássicos etc. etc.
Todos estes casos e muito outros, são de relativa facilidade, pois sempre deveremos acasalar macho e fêmea o mais vermelhos possível, com a plumagem o mais sedosa possível, etc. etc.

EXPRESSÃO INTERMEDIÁRIA

A maioria das características fruto de selecção, representam um equilíbrio entre extremos indesejados. Ganha aquele que conseguir o "ponto justo" para determinado factor. 
Vejamos alguns exemplos:

1-O nevado muito longo é indesejável e aquele excessivamente curto também. Existe portanto, um ponto intermediário de exemplares com névoa curta mas visível e bem distribuída.

2- Os acetinados com desenho muito fino, perdem contraste, e os que tem desenho muito grosso perdem nitidez. Existe portanto, um ponto intermediário ideal.

Podemos citar alguns destes inúmeros exemplos:

- Tamanho grande em excesso ou pequeno de mais.
- Ágatas com desenho excessivamente fino e com pouca expressão de negro ou com bom negro, mas desenho excessivamente largo.
- Canários mosaicos com bom branco mas pouca expressão de lipocrômo, ou excelente lipocrômo mas excesso de infiltração.
- Plumagem excessivamente longa ou curta Isabelinos com desenho excessivamente marcado ou diluído em excesso

A lista é muito extensa e os exemplos acima pertencem transmitir a ideia de que efectivamente muitos factores requerem um cuidado redobrado para alcançar o ideal.

Considerando que nenhum canário é perfeito, para cada exemplar há em tese um outro ideal para efetuar um acasalamento bem sucedido. Assim como existe uma única chave para uma fechadura, podemos dizer o mesmo no caso do acasalamento. Esta é a explicação do velho ditado de que "de dois campeões não necessariamente nascerão filhos campeões". Esta é também a explicação do porque os filhos poderão nascer com melhor qualidade do que a dos pais.

Resulta portanto, fundamental quando se trata de factores de expressão intermediária, que tomemos muito cuidado na hora de seleccionar as matrizes e de efectuar os casais, no intuito de sempre procurarmos compensar a característica de um com a do outro para procurarmos o equilíbrio perfeito.

O somatório de virtudes num só exemplar, redunda em verdadeiras satisfações nos concursos. Boa sorte, e bom acasalamento!!!!!!!