terça-feira, 14 de junho de 2022

Desinfestação e Higiene nos Criadouros


Introdução

A acção germicida, como fato empírico, figura entre os conhecimentos mais remotos dos homem, muitos antes de conhecer-se a natureza bacteriana ou viral de certas doenças.
Como exemplos desta acção, poderíamos citar: o conhecimento de que o fogo destruía "as causas do mal", o valor da água fervida para a lavagem das feridas ou a aplicação de determinadas técnicas para a conservação de alimentos - salames, defumados, acidificações etc.
Durante a primeira metade do século XIX, introduziram-se diferentes substâncias sulfuradas, iodadas e cloradas, utilizando-as não somente para o tratamento de determinadas afecções animais ou vegetais, mas como valiosos anti-sépcti­cos para cura de feridas e para a prevenção e infecções em actos médicos ou em cirurgia.
Resultou de grande valor a demonstração de Semmelweis [1847], ao assinalar que a simples lavagem e desinfecção das mãos dos médicos e veterinários com cloro, reduzia radicalmente as mortes habituais nos partos.
Na segunda metade do século XIX, a lista de anti-sépticos e desin­fectantes foi enriquecida com a introdução de vários sais de metais pesados, álcoois, fenóis e compostos iodados, cujas actividades microbicidas e esporicidas puderam fazer-se mais evidentes ao coincidir com a era das grandes descobertas bacteriológicas.
O ato de desinfecção, - destruição ou eliminação de todas formas vivas infecciosas - tal como entendemos hoje em dia, parte das ideias de Koning e Paul, os quais comprovaram que os desinfectantes só podiam ser comparados sob condições controladas, tempo de contacto entre germes e desinfectantes, meio térmico, substrato e possível interferências.

Ação dos desinfetantes

Poderíamos definir um desinfectante como uma "substância ou composto que impede a infecção", ou dito de outra forma mais prática: "é um produto químico capaz de destruir germes e que se emprega para sanear locais onde temos as nossas aves".
Dentro desta definição, cabem unicamente produtos que apresentam acção letal-germicida ou bactericida ­sobre os microorganismo, se bem que produzam acções sobre diversas formas mais resistentes: esporos, vírus, fungos, etc ...
A desinfecção, embora cubra um amplo campo de actividade, procura, antes de tudo, a erradicação dos germes directamente patógenos (responsáveis pela produção de doenças).
Do ponto de vista teórico, um desinfecção perfeita, com 100% de eficácia em uma instalação ornitológica, deveria ser motivo de erradicação de uma enfermidade ligada permanentemente ao aviá­rio, coisa que, infelizmente sabemos, é muito difícil de se conseguir na prática.
A acção de um bom desinfectante, que possua actividade letal para um microorganismo, essencialmente é a de uma "substância agressora que actua contra este, produzindo-lhe danos físicos, químicos ou enzimáticos".
Geralmente cada germe apresenta um lado no qual os desinfectantes actuam como bacteriostáticos, passado a bactericidas a partir de certo nível.
Os desinfectantes ou germicidas são substâncias muito heterogêne­as, actuando em condições muitos diversas como também são os microorganismos sobre os quais podem actuar, que diferem entre si tanto em seu fisiologismo, como em seus hábitos de vida.
A acção dos germicidas, a nível das bactérias, pode se produzir a nível superficial ou de "membrana" e a nível profundo ou "protoplasmático". HAYDEN assinalou que o fenol actuava interferindo em várias cadeias metabólicas, a sua destruição ao produzir uma alteração física que afeta­va a sua permeabilidade celular.
Todos os ornitólogos amadores conhecem a patogenia de "E. Coli" em nossos ninhos.
Esta considerações nos levam a considerar a importância da técnica da desinfecção dos aviários, baseando-se nos seguintes pontos:
1 - Cada desinfectante actua de uma forma determinada, em uma concentração definida e com margens de eficácia distintas para cada caso. São dadas grandes variações de cada produto desinfectante por quanto podem produzir-se inacti­vações pela presença de substâncias antagónicas, tais como: matéria orgânica, sais minerais, ácidos, etc ... Por isso é imprescindível, antes de uma desinfecção ou desinfestação, efectuar uma limpeza mecânica a fundo no aviário.
2 - Dentro de cada grupo de desinfectantes podemos ter substâncias com maior ou menor actividade, em função da sua própria estrutura molecular e do seu comportamento ante o germe que se pretende destruir.
3 - O tipo de superfície a desinfectar condiciona a selecção do produto e sua dosificação em função de sua possível toxicidade, causticidade e persistência. A madeira e o cimento podem tolerar produtos que resultariam inadequados para gaiolas metálicas.

Comparação entre diferentes desinfectantes 

Revisadas as bases de uso aplicação de cada desinfectante, e conhecida a diversidade de mecanismos de acção, compreenderemos que existe uma evidente dificuldade na eleição dos desinfectantes, máxima se a desinfecção se efectua existindo aves na gaiolas ou viveiros. Recomendamos que em todo tipo de desinfecção geral, se retirem as aves dos criadouros, pelo menos durante 8 horas.
Para comparar desinfectantes é preciso ter em conta as aplicações de cada um deles e suas margens de actividade.
A valorização dos desinfectantes se baseia em ensaios efectuados em laboratório, que consistem em se colocar o germe que se quer destruir, ante uma dose de antisséptico e durante um tempo pré-estabelecido.
Um método muito prático de avaliação consiste em averiguar "a mínima concentração" de um desinfectante que seja capaz de inactivar um germe de "prova" em 10 minutos, o que se efectua através do chamado "teste de arratre".
As provas de laboratório são indispensáveis para o criador talvez o sejam tanto práticas, que a ofereçam "in situ" provas de confiabilidade, não toxicidade e de verdadeira acção desinfectante.
Para este tipo de provas prévias, torna-se indispensável fazer uma amostra de diversos pontos do aviário que se pretende sanear. As provas sobre as gaiolas, voadeiras, paredes e chão do aviário dependem das seguintes variáveis:
1 - grau de humidade do aviário
2 - homogeneidade das paredes e piso
3 - qualidade da limpeza prévia
4 - antecedentes patológicos, que nos levam a uma desinfecção a "fundo".
De acordo com a maioria de autores especialistas, concordamos que os resultados obtidos em um determinado aviário, "não podem ser, em absoluto, extrapolados a outros", nem sequer naqueles em que existam aves da mesma variedade.
Do ponto de vista de con­fiabilidade, em todo momento podem apresentar-se diversas objecções, pois assim como ocorre na or­nitologia amadora, se trabalha com amostras reduzidas.
Praticamente e em plano de divulgação, pensamos que onde se criam ou se mantenham lotes de aves de pequeno porte (exóticos, canários, periquitos, silvestres da fauna europeia etc.), os desinfectantes de eleição são os derivados dos sais de AMÓNIO QUATERNÁRIO, que com diferentes marcas se oferecem no mercado, sem descartar os derivados iodados.

Resumo

Os resultados que temos obtido em numerosas provas efectuadas nos confirmam que os máximos níveis de eficácia se alcançam quando o aviário tem sido submetido previamente e com pontualidade a uma limpeza em profundidade, o que nos faz pensar que a HIGIENE é o primeiro passo da DESINFECÇÃO. Com ela se reduz drasticamente a incidência de determinadas afecções patológicas de origem bacteriana, fúngica ou viral, ligadas ou condicionadas à contaminação por insectos ou outros vectores.
Este é, pois, o procedimento mais apropriado e estendido:
a - Limpar periodicamente o aviário e, por sua vez, desinfestá-lo.
b - Utilizar unicamente desinfectantes de eficácia reconhecida.
c - Procurar desinfestantes estáveis e não voláteis.
d - Aplicar as doses adequadas de desinfectante "in situ", segundo as medidas do local ou aviário.
e - Ter em conta as épocas de alta taxa de humidade e calor, para reiterar as medidas de higiene, DESINFECÇÃO e DESINFESTAÇÃO, com isso se reduzirão notavelmente, a incidência de enfermidades e ecto-parasitações em nossos aviários e voadeiras.

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